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24 de setembro de 2009

RELATÓRIO DE VINDIMA

“Sem dúvida o ano mais difícil desde a primeira colheita de Vale D’Algares!”

O calor constante provocou muita passa (potencial de álcoois elevados) mesmo nas castas que não é habitual, difíceis maturações fenólicas – DOS ANOS MAIS DIFICEIS DE REALIZAR ZONAGEM ATRAVÉS DE FOTOGRAFIA AÉREA E IN LOCO”-. No entanto considero que possa ser talvez o melhor ano desde a primeira vindima em Vale D’Algares – isto devido ao excelente trabalho de equipa, pois tivemos 10 vezes mais trabalho que uma vindima normal, mas também é verdade que nenhuma vindima é igual, e muitas vezes o trabalho não é retribuído com qualidade final. Mas este foi um ano em que a qualidade final dos vinhos está acima da qualidade alvo e assim retribuir cada segundo do trabalho realizado por mim e pela minha equipa.

Como é obvio no mundo da enologia, como em todos os outros, não existem grandes recompensas sem riscos, experiências, espírito micro-bio-físico-químico sempre critico e mesmo alguns devaneios.

O Guarda Rios Branco em estágio com ligeira “battonage” apresenta excelente frescura com um equilíbrio correcto entre álcool e acidez, o volume e os aromas estão exuberantes e correctos. O Vale D’Algares “Selection” em estágio em barricas de Carvalho Francês com “battonage” diária mas as baixas temperaturas, para manter o perfil delicado e o equilíbrio entre fruta e textura da madeira perfeito. Todos os tintos este ano manifestam muita fruta, frescura e volume, é sem dúvida uma não de muita cor mas também em que os taninos da película amadureceram na perfeição apresentando-se largos, crescentes e cheios. Para as castas habituais não é uma ano de “Cuivason”, maceração pós fermentativa, pois as grainhas não acompanharam a maturação alcoólica nem fenólica da película, tendo sido a Touriga Nacional a única a apresentar grainhas castanhas e crocantes – na vindima de 2009 vamos ter novidades desta casta em Vale D’Algares. A maturação antecipada do Viognier e a muito tardia do Syrah, no “terroir” de Vale D’Algares, não permitiu a habitual vinificação destas 2 castas em conjunto o que levou, e ainda bem, pois o resultado até agora está “uma coisa do outro mundo”, á vinificação com outra casta (será desvendada provavelmente no final do ano de 2011) na percentagem de 3%.

Este ano foram vinificados cerca de 2500 Litros de colheita tardia (aproximadamente 7000kgs), de Viognier e outra casta – o resultado e sem nenhuma relutância de o dizer leva a crer que será superior a todas as outras colheitas, não só pela junção de uma mais valia (casta que mais tarde saberão) como pela percentagem de aproximadamente 30% que as uvas apresentaram de “botrytis” possível de constatar no tapete de selecção de cachos, o que contribuiu para maior complexidade – pois todos os outros “Colheita Tardia” tem sido resultado de sobre maturação, o melhor que a região consegue fazer nos anos em que não existe um microclima favorável para a formação deste fungo nobre. Este ano em Vale D’Algares tivemos manhas quentes e húmidas com nevoeiros matinais durante 3 dias o que permitiu a sua formação.

Uma vindima longa, difícil, mas com noites frias que irá proporcionar uma frescura fantástica nos brancos e dias com calor constante o que permitiu a maturação ideal dos taninos da película. Mais um ano diferente, mais um ano atípico mas de grande qualidade. Agora segue-se o longo trabalho de estágio e de provas constantes até chegar á fase de decisão dos lotes, mas disso continuarei a dar noticias mais tarde!

Pedro C.A Pereira Gonçalves
Director de Enologia

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